A vós

Aos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde. Aos polícias e aos seguranças. Aos voluntários. Aos militares em missão longe da família. Aos pilotos, aos tripulantes, aos controladores aéreos e ao pessoal de apoio. Aos bombeiros, à malta do INEM e às equipas de busca e salvamento.

A todos aqueles que hoje trabalham para que todos os outros estejam, em paz, em casa.

Feliz Natal

www.merlin37.com/natal (foto capa: Paul Wex)

Estou sim? Feliz Natal!

O telefone toca persistente e imune ao dia sinistro que reina lá fora. “Porra”, penso, “se fosse o alerta ligavam-me para o telemóvel, não?”. Activar o alerta por linha fixa é pouco comum fora de horas, especialmente em dias como este: feriado.

“Estou sim?” 

(c) Paul Wex

(c) Paul Wex

Durante a minha passagem pela Força Aérea Portuguesa, e enquanto operacional, passei apenas um Natal completo em casa. E passei-o, provavelmente, porque coincidiu com a minha mudança de frota, do Alouette 3 para o EH-101 “Merlin”. Ano interessante esse. Bacalhau, azeite e manuais de voo na mesa. 

Enquanto estive colocado na base aérea de Beja, por mera casualidade, azar ou outra qualquer razão que me é alheia, fiquei sempre escalado no período natalício. Já na Esquadra 751, fruto do pequeno grupo que éramos e do enorme empenho operacional que tínhamos, o Natal ou Ano novo “calhava a todos”.  Três destacamentos permanentes, quatro tripulações de alerta. Ninguém escapava.  

E foi num desses alertas, dia 24 de Dezembro, que o telefone toca naquele final de tarde fria na Base Aérea do Montijo. 

Do outro lado uma voz cansada, mas firme, testemunha provavelmente de uma longa vida: “Boa noite caro Tenente, gostaria de lhe desejar um Feliz Natal a si e à sua tripulação”

É das coisas que mais me arrependo, mas devo confessar que não me recordo do nome, do posto, ou das datas em que serviu. Do outro lado da linha encontrava-se um ex-militar que naquela Esquadra tinha servido. Fazia anos. Décadas. E, vim a saber mais tarde, que todos os anos ligava pessoalmente para a Esquadra para desejar um feliz Natal a todos os que estivessem de alerta naquele dia. Todo o santo ano.  

Décadas separavam-nos. A mim e a ele. Mas a camaradagem, o espírito de corpo, esse, pelos vistos, mantinham-se inalterado. 

Nos diversos Natais em que passei a trabalhar na Esquadra 751 sempre recebi aquela chamada. E ela produzia em mim sempre o mesmo efeito: enchia-me de orgulho. De felicidade. Felicidade em ver que ali estava alguém que - como eu - se sentiu marcado por aquela casa e que fazia questão de ligar, de perder um pouco do tempo do seu Natal, para desejar Boas Festas aos seus camaradas que não podiam estar em casa, com a família. Uma atitude que, confesso, nunca vi reproduzida pela cadeia de comando a nível superior, fora das esquadras de voo..

Algo tão simples, tão inócuo, tão vulgar mas que naquele instante, naquele dia, fazia todo o sentido no Universo. 

A melhor prenda de Natal que alguém de alerta, longe de casa, poderia receber. 

Onde quer que ele esteja agora... Feliz Natal camarada. 

www.merlin37.com/feliznatal751

Natal versão Londres

Imaginem isto.... Savana africana. Uma manada de gnus. Um leão. E vocês são aquela azarada suricata, que por acaso só ia ali buscar leite à esquina, e deu por si no meio da manada no exacto momento em que o leão ataca. Isto é Oxford Street em Dezembro. 

piccadilly

Confesso. Gosto de Londres. E existem cidades que têm um encanto especial na época de Natal. Londres faz parte desse restrito lote. 

Um pé fora da estação de Piccadilly Circus e já se ouvem os acordes de uma banda que enche o ar com melodias de Natal. Digna de orquestra.

Cruza-se a rua, direcção norte, e breve passagem pelo Soho onde é possível ver algumas das mais originais decorações de Natal. Se não estivessem aqui estariam no MoMA de Nova York. 

Segue-se para oeste já com o natalício copo vermelho de Starbucks na mão. Em Piccadilly Street assentam arraiais dois tipos que têm uma das mais originais bandas musicais: vestidos de duendes, dois jamaicanos tocam em Reggae um Jingle Bells de outro mundo. Sim. Dois jamaicanos, vestidos de duendes, nos cruéis 5ºC de Londres.  Só por isso já merecem duas libras. 

Hora de sentar num restaurante e rogar pragas a Baco quando o preço de um copo de vinho que está para a vinicultura como o Tony Carreira está para a música clássica, custa doze euros e meio. “Bem, afinal de contas estamos em Londres”. Não sei qual é a minha surpresa. No rádio “Let it snow”. 

soho

Tempo de fazer um golpe de mão às lojas em Oxford Sreet. “Black Friday” é um conceito que aqui não existe. Aqui é “Black week”. “Black Monday”, “Black Tuesday”, e por aí em diante.  Qualquer que seja a loja o cenário é o mesmo: parece o desembarque na Normandia. Entrar já é uma vitória. Comprar e pagar é ganhar uma medalha. 

Mas encontra-se de tudo. Literalmente tudo. Existem lojas, livrarias, discotecas (no original sentido da palavra, a loja que vende discos) em que podemos encontrar o que quer que andemos à procura. Mesmo que seja aquele disco de José Cid de 1982. Vá-se lá saber porquê. Um paraíso para quem quer encontrar “aquela” primeira edição ou aquele raro vinil. 

É hora de beber um copo, logo é hora de terminar a tarde num dos rooftops da cidade. Naqueles em que a garrafa mais barata custa uma prestação da minha casa. 

“Era uma água das pedras, por favor”. 

Londres tem esse “encanto”. É um antro de consumismo desenfreado. Mas é um antro com pinta. 

Muita pinta. 

Uma original prenda de Natal

Estou impressionado comigo. Já consigo fazer rimas no título das publicações. Entrei definitivamente no espírito! 

É possível que já tenham reparado na imagem de topo deste blog. A junção das asas portuguesas: a militar e a civil. Esta imagem saiu da mente artística de Miguel Amaral

Se são apaixonados por aeronáutica e ainda não sabem o que dar a outro apaixonado por máquinas do ar, poderão sempre pedir ao Miguel uma destas originais "caricaturas" para oferta. Basta escolher qual a aeronave que querem, seja civil seja militar, esperar uns dias, beber umas cervejas, ver o Benfica ganhar mais uns jogos e está feito!

artmiguelamaral.jpg

 

Se estiverem interessados poderão contactar o Miguel Amaral através do seguinte e-mail: garranaamaral@hotmail.com